Há muito tempo, para não dizer há séculos, a “igreja” perdeu a essência do evangelho. Nos dias do Novo Testamento o apóstolo Paulo já dizia para os crentes da igreja de Corinto: “Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo” (2Co 11.3). Naqueles dias muitas igrejas já davam sinais visíveis de afastamento do padrão do evangelho de Jesus.
A palavra “Evangelho” significa boas-novas, coisas boas, vida nova. Os evangelhos começam dizendo: “Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo” (Mt 4.23). Assim foi o ministério terreno de Jesus: curava os doentes, ensinava o povo, e supria as necessidades das multidões. Crianças, jovens, homens, mulheres, idosos, cegos, paralíticos, leprosos, hemorrágicos, endemoninhados, surdos, mudos, prostitutas, marginais, todos tinham acesso a ele, que foi chamado de “glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores” (Mt 11.19). “A grande multidão o ouvia com prazer” (Mc 12.37). Jesus veio ao mundo não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. Ele disse aos seus discípulos: “de graça recebestes, de graça dai” (Mt 10.8). Esse deveria ser o perfil dos crentes.
Como viviam os primeiros crentes? “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos” (At 2.42-47). Além da boa qualidade de relacionamento entre eles, contavam também com a simpatia de todo o povo. Era agradável viver naquela igreja, tanto era assim que dia a dia era acrescentado o número de novos convertidos.
Isso continua em nossos dias? Certamente que não. Infelizmente, muitos crentes tem tornado as boas-novas em palavras indesejadas. A Bíblia diz que devemos estar sempre preparados para responder a todo aquele que nos pedir razão da esperança que há em nós (1Pe 3.15). Mas, quem está preparado? Quem quer saber? Quem tem e quem sabe dar a razão da esperança eterna? O vídeo a seguir ilustra o quanto as pessoas querem se livrar dos crentes:
O crente é para com Deus o bom perfume de Cristo (2Co 2.15). Isso equivale dizer que exalamos o que é agradável e edificante. Porém, não é isso que vemos naturalmente. A imagem que a “igreja” tem passado para aqueles que não andam no evangelho não é das melhores. Existem exceções, claro, sempre existem exceções, mas, não podemos nos consolar com as exceções quando a média é negativa. Alguma coisa anda errada há muito tempo no meio “evangélico”. Quando não é o comodismo indiferente marcado pela frieza e carnalidade, é o exagero fanático que repele as pessoas. Veja o vídeo abaixo e pondere sobre isso.
A Bíblia diz: “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um” (Cl 4.6) A irmãzinha do vídeo extrapolou no zelo de evangelizar e acabou passando uma mensagem completamente contrária ao espírito do evangelho. É bem verdade que nem todos fariam como ela fez, mas o mau exemplo dela serve para uma boa reflexão sobre o testemunho cristão, porque não é assim que se ganha pessoas para Jesus. “O fruto do justo é árvore de vida, e o que ganha almas é sábio” (Pv 11.30).
Antonio Francisco - Cuiabá, 17 de novembro de 2012 - Voltar para Perguntas e Respostas.
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