Por que você continua onde está?

Os pintos se sentem seguros dentro dos ovos, mas não podem continuar ali depois de vinte e um dias. Há tempo para tudo: Tempo para nascer e tempo para morrer; tempo para plantar e tempo para arrancar; tempo para destruir e tempo para construir de novo; tempo para chorar e tempo para rir; tempo para ficar triste e tempo para dançar de alegria; tempo para abraçar e tempo para deixar de abraçar; tempo para calar e tempo para falar; tempo para amar e tempo para aborrecer.

Ninguém foi criado para viver como pinto no ovo. Há tempo para ficar no ovo, mas permanecer no ovo é certeza de morte, porque, existe o tempo de nascer para viver na liberdade de um espaço que extrapola incomparavelmente ao ovo. Há tempo de morrer para muitas situações na vida, caso contrário, existiremos vegetativamente e não vivemos plenamente. Há tempo de investir, aplicar e dedicar-se a algo, mas chega o tempo em que precisamos arrancar aquilo que plantamos, seja colhendo frutos, seja destruindo construções para que se construa coisas novas. A mesmice não condiz com uma vida feliz, muito menos a prisão.

Acabamos de mudar para nossa casa própria depois de treze anos morando de aluguel na mesma casa. É um tempo novo para minha família, tempo de recomeçar, ampliar, construir, renovar. Um novo dia, um novo mês, um novo ano, uma nova estação, ilustram que poder começar de novo é uma das grandes maravilhas da vida. Nada aqui é perene, o que mostra a instabilidade da vida, mas ao mesmo tempo mostra que não precisamos continuar onde estamos quando podemos mudar para melhor. Não devemos nos prender a nada e não devemos nos deixar prender por nada nesta vida que não seja por amor a Deus, a nós mesmos e ao próximo. O que passar disso é nocivo e devemos rejeitar.

Às vezes precisamos trabalhar com algo que não nos agrada, e assim fazemos por uma questão de sustento e sobrevivência. Mas quando possível, devemos buscar o que nos interessa, trabalhando naquilo que condiz com nossas habilidades, melhorando nossos rendimentos e crescendo na qualidade profissional. Quando não é possível mudar de lugar e profissão, mesmo assim podemos começar de novo abraçando o que fazemos com uma atitude que evidencia renovo e disposição. Diante de uma montanha em nosso caminho, podemos escolher o que fazer: passar de lado para desviar do obstáculo, passar por sobre o monte, fazer um túnel até chegar do outro lado, ou construir algo novo no pé da montanha. A verdade é que podemos recomeçar sempre. Basta querer.

Que tal estudar para satisfazer o sonho frustrado dos pais? Deve ser horrível, mas existe isso: pais que querem ver seus sonhos realizados nos filhos. Não conseguiram fazer determinado curso e agora tentam conseguir isso nos filhos. O pior é que muitos filhos não têm a menor inclinação ou interesse nesses cursos, e se frustram. O que fazer? Primeiro, acho que nenhum pai ou mãe deveria fazer isso. Segundo, entendo que nenhum filho deve se profissionalizar em algo contrariado, fazendo um curso contra a própria vontade. Procedendo desse modo ele será um profissional infeliz e muitas vezes desqualificado, prejudicando aqueles que serão atendidos por seu ofício. Quem puder se livrar disso que o faça.

E quando o encurralamento é no casamento? O dogma de que o casamento “é até que a morte nos separe” faz com que inúmeros casais vivam um verdadeiro inferno conjugal quando poderiam resolver isso com a separação. Mas têm que carregar esse “carma” até a morte. Há até quem deseje a morte do cônjuge ou tenha um caso para ter um álibi para o divórcio. Sou casado civilmente há trinta e um anos e bem casado, graças a Deus, mas, eu não viveria casado com uma mulher que eu não amasse e que ela não me amasse. Sei que não existe casamento perfeito e todos têm problemas, porém, a conjugalidade é feita de amor, harmonia e paz. Sem isso não existe casamento. O que muito não discernem é que casamento não é missão, mas a decisão de duas pessoas livres de morarem e viverem juntas por amor. O que Deus ajuntou o homem não deve separar, mas o que Deus não ajuntou o homem não deve tentar conservar. Manter um casamento para agradar a igreja, os familiares e a sociedade, é no mínimo hipocrisia. A Bíblia diz que é melhor morar no deserto do que com uma mulher briguenta, o que significa dizer que ninguém precisa viver preso a um casamento infeliz. O casamento não deve ser jamais uma servidão; Deus nos tem chamado à paz.

O que dizer do cativeiro espiritual-religioso inconsciente e mesmo consciente em que vivem multidões? Aqui, lembro-me das palavras de Rubem Alves: “Deus nos deu asas. As religiões inventaram as gaiolas”. É triste ver tantas pessoas vivendo nas gaiolas religiosas das igrejas. Então vem uma pergunta: Por que as pessoas continuam frequentando as igrejas? Existem muitas razões, entre elas: Essas pessoas precisam de legitimidade e se sentem notáveis por pertencer a uma instituição chamada igreja, principalmente quando ela é histórica e grande. Elas só acreditam que uma pessoa é de Deus se frequentar regularmente os cultos da igreja e as demais atividades. Elas creem que a assiduidade é a marca de um verdadeiro cristão. Tais pessoas acreditam que concordar com uma lista de crenças feitas pelos líderes da instituição é o mesmo que ter fé em Deus. Esses crentes pensam que santidade é não se envolver com as pessoas que não são crentes, indo desse modo contra o que Jesus fez.

As igrejas agem como empresas. Elas vendem um produto caro oferecendo sucesso e uma vida bem-sucedida para aqueles que comprarem seu produto. O pacote vem em forma de promessas atraentes, regras rígidas, padrões exigentes de comportamento com rituais elaborados e repetitivos. Quanto maior for o preço comportamental exigido pela igreja, maior a probabilidade de o cultuante sentir-se inclinado a acreditar na idoneidade da igreja, acreditar que terá sucesso na vida, e ter a sensação de segurança e da aprovação divina. Uma vez que as pessoas se convertem ao sistema religioso, elas pagam em renúncias pessoais e em ofertas monetárias. Mas isso não é vida cristã e não tem nenhum poder contra o pecado.

A mensagem do Evangelho é diferente daquilo que as igrejas estão fazendo com as pessoas. O Evangelho diz: "Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite". "Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida". A vida cristã é fundamentada na graça – ou seja, em preço algum. Jesus nada cobra porque ele mesmo já pagou o preço por nós: “sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós que, por meio dele, tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança estejam em Deus”.

Hoje é o dia sobremodo oportuno, hoje é dia da sua salvação. Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Decida agora mesmo pela fé em Jesus sair do cativeiro que lhe prende e permaneça firme, não se submetendo, de novo, a qualquer jugo de escravidão.

Antonio Francisco – Cuiabá 2 de setembro de 2013 – Voltar para Um novo caminho.

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