Criação de filhos

“Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho. Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento, os quais com freios e cabrestos são dominados; de outra sorte não te obedecem” (Sl 32.8-9). Deus quer nos instruir e nos ensinar no caminho da vida, fazendo isso com o seu olhar de amor e nunca mediante a dor. Isso é próprio da natureza de Deus como Pai.

Mas isso depende também de nossa obediência consciente e proposital, pois a submissão é uma decisão tomada de forma objetiva, não depende do estado emocional em que nos encontramos em cada circunstância. Assim também podemos criar nossos filhos, ensinando-os a nos obedecer na criação que lhes damos. Isso requer empenho dos pais e pode ser uma das melhores experiências da vida. A criação dos filhos não precisa ser pesarosa e sofredora, pelo contrário, ela pode ser agradável e gratificante. Tudo tem a ver com o modo como tratamos os nossos filhos.

Mas, criar filhos não é o mesmo que educar. Todos criam, mas nem todos ensinam. O modo como os pais tratam os filhos é o modo como eles os criam, mas isso não é o mesmo que educar de um modo objetivo, favorável e educativo. A criação pode até ser correta, mas muitas vezes a falha acontece na maneira de ensinar. A criança pode aprender a obedecer de boa vontade se isso lhe for ensinado corretamente, sem que ela seja agredida ou subestimada. Tudo tem a ver com o modo de ensinar. A missão dos pais é dirigir a formação dos filhos, instruindo-os por meio de exercícios repetidos e demonstrações que os ajude a obedecer para aprender. É assim que Deus quer que façamos com os nossos filhos, e foi assim que procedi na criação de minhas filhas, e assim as tenho visto crescer, pois a promessa de Deus é que eles não se desviarão do caminho que lhes foi ensinado mesmo quando forem velhos.

Dois exemplos na Bíblia ilustram a diferença entre ensinar e criar filhos. Ana, mãe do profeta Samuel pediu a Deus um filho e prometeu criá-lo para o Senhor, e assim ela fez. Depois que o menino foi desmamado ela o entregou ao sacerdote Eli para que o mesmo cuidasse dele no templo do Senhor. Ali ele passou a viver. Ela ensinou a criança a proceder assim e ele obedeceu de boa vontade. Por outro lado temos os filhos de Eli que eram homens maus, e não se importavam com o Senhor, pois eram desobedientes e imorais. O pai sabia disso, tinha criado os filhos no caminho correto, reclamava do comportamento deles, mas nada mudou. Por isso, Deus repreendeu o sacerdote Eli, por não repreender os filhos. Mesmo sendo um sacerdote ele não foi capaz de ensinar seus filhos a obedecer.

Mas como ensinar nossos filhos a obedecer conforme a vontade de Deus sem deixar de amar e respeitar as crianças? Toda criança é desobediente por natureza, mas o bom ensino corrige seu comportamento. Muitos pais dizem que não disciplinam seus filhos porque os amam, mas, ao contrário do que parece, é exatamente quando amamos que corrigimos desde cedo nossos filhos. A correção não prejudica a criança, ela faz bem para toda a vida e a livra inclusive do inferno. Uma criança sem disciplina envergonha sua mãe, mas uma criança disciplinada é sábia, porque a disciplina faz bem não apenas para a criança, ela também faz bem para os seus pais, pois filhos bem criados dão descanso e tranquilidade para a alma de seus educadores.

A Bíblia diz que Deus corrige a quem ama, e certamente não somos melhores que ele para evitar a correção em nossos filhos pelo fato de amá-los. Uma criança que não é corrigida terá que aprender a obedecer quando crescer, e isso depois de muitas aflições resultantes da falta de ensino na infância, pois toda criança sem exceção precisa aprender a obedecer. A correção é benéfica para a criança e ensiná-la para a vida não significa rejeitá-la. Aliás, aprendi há muito com o Dr. James Dobson a fazer diferença entre moldar a vontade da criança e preservar seu espírito. A criança precisa ser educada, sua vontade deve ser moldada de modo agradável a Deus e útil para a família e a sociedade em geral. Mas, ao corrigir o filho, pai e mãe devem cuidar em não ferir o espírito de seu filho, seu caráter, com palavras e atos. Os pais não devem irritar os seus filhos para que eles não fiquem desanimados; daí a necessidade de corrigir com amor e jamais descarregando ira sobre os filhos.

Antonio Francisco - Cuiabá, 28 de janeiro de 2012 – Voltar para Encontro de Casais.

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