Pequenino rebanho

Jesus disse para não andarmos ansiosos pela vida, quanto ao que comer e vestir. Porque a vida é mais que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes. Ele pediu para observarmos os corvos. Se Deus os sustenta, nós valemos mais do que as aves! Jesus disse que a ansiedade não nos ajuda em nada. Então, por que ficar ansiosos por qualquer coisa? Depois ele pede para observarmos os lírios do campo.

Mas, se a transitoriedade dos lírios não tira o belo cuidado de Deus por eles, quanto mais tratando-se de nós, apesar de nossa pouca fé! Jesus disse que devemos parar com indagações e inquietações quanto às necessidades básicas da vida. Isso é próprio de quem não confia em Deus. Ele é nosso Pai e sabe de tudo o que necessitamos. Aos seus amados ele dá o alimento enquanto dormem.

Ao invés de ficarmos ansiosos pela nossa vida, Jesus disse que devemos buscar, antes de tudo, o seu reino, e estas coisas nos serão acrescentadas. Será que com isso Jesus estava nos ensinando a sermos ociosos, omissos e irresponsáveis? Obviamente que não. O que ele está nos ensinando é que a vida e sua manutenção estão nas mãos de Deus, não nas nossas. Precisamos viver a vida como ela é, mas sem querer ser Deus, tendo o controle de tudo. Precisamos nos mexer para viver; as aves e os lírios se mexem para viver, mas na dependência de Deus. Jesus ainda disse que devemos nos desprender de nossos bens e investir nos valores eternos (Lc 12.22-34).

Naquela ocasião ele disse aos discípulos: “Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino” (Lc 12.32). Esse verso me alegrou e falou muito comigo nesta manhã enquanto esperava minha filha fazer a prova prática no Detran para tirar sua habilitação. Comecei a considerar essas palavras e desejei escrever sobre o que Jesus disse.

Jesus disse para não termos medo pelo fato de sermos um rebanho pequeno. Deus é o nosso Pai e já decidiu com prazer nos dar o seu reino. Jesus não tinha problemas com as coisas pequenas. Ele tinha um rebanho com doze ovelhas e não se incomodou quando muitos dos seus discípulos o abandonaram. Ele “recomendou a seus discípulos que sempre lhe tivessem pronto um barquinho”, quis reunir os filhos de Jerusalém como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, comparou-se com uma porta estreita e com um caminho apertado, e disse serem poucos os que entram e andam por ele. Quando foi crucificado, apenas alguns dos seus estavam ali, mas, nem por isso teve qualquer crise com sua missão redentora. Poucos dias antes ele havia orado ao Pai, dizendo: “Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer” (Jo 17.4).

Deus quer sua casa cheia e Jesus convida todos os cansados e sobrecarregados para receberem descanso para as suas almas. Mas a voz do povo nunca foi a voz de Deus. O apocalipse fala de uma “grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos”. Mas, mesmo essa multidão será um pequenino rebanho, comparado com a humanidade.

O Deus te Israel disse ao seu povo: “Não temas, ó vermezinho de Jacó, povozinho de Israel; eu te ajudo, diz o SENHOR, e o teu Redentor é o Santo de Israel” (Is 41.14). E Jesus disse aos seus discípulos: “Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino” (Lc 12.32). Conquanto o nosso Deus seja o Todo-Poderoso, ele não tem complexo de grandeza, nem sofre de megalomania. “Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos” (Is 57.15).

Portanto, estou em paz. Pastoreio um pequenino rebanho e não me incomodo com isso. Pelo contrário, me alegro com a promessa de Jesus que disse estar no meio de dois ou três que se reunirem em seu nome. O rebanho pode crescer, mas não dependo disso para me afirmar como pastor. Não preciso provar nada para ninguém, apenas seguir na direção do Pai. Quero alcançar mais pessoas com o puro e simples Evangelho de Jesus, mas sei que não serei mais para Deus com mais pessoas congregando comigo, nem serei menos para Deus com menos pessoas em nosso meio. Não preciso temer por ser pequeno, assim como não devo me envaidecer se for uma multidão. O rebanho é de Jesus, a glória é dele, e isso me basta.

Antonio Francisco - Cuiabá, 16 de novembro de 2011 – Voltar para Um novo caminho.

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