Unção com óleo

Existem muitas controvérsias sobre unção com óleo. Decidi escrever sobre isso porque na leitura bíblica que fazemos em nossa comunidade nos deparamos com um texto que cita o assunto e fui perguntado sobre o seu significado. A Bíblia fala sobre isso, mas não como as igrejas praticam hoje. No Antigo Testamento, os lugares, os móveis, e até mesmo as armas, eram ungidos quando consagrados a Deus.

Mas, o Novo Testamento não ensina isso, e devemos nos reger em última instância pela Nova Aliança. Por isso, não devemos ungir templos, cadeiras, mesas, instrumentos musicais, chave de casa, carro ou qualquer outra coisa. O templo de Deus somos nós e não um prédio como era antes de Jesus.

Precisamos lembrar sempre que fazemos parte do Novo Testamento. As práticas ritualísticas da velha aliança já caducaram. Querer mantê-las hoje é pisar na obra redentora e perfeita de Jesus. Portanto, nada de coisas ungidas e objetos “abençoados”. Isso é fetiche de crente e devemos rejeitar. O justo vive pela fé.

O Antigo Testamento também nos mostra a unção de pessoas separadas e consagradas a Deus para uma tarefa específica. Isso era feito principalmente com sacerdotes, reis e profetas. Mas, isso perdeu o sentido com a vinda de Jesus. Ele é o Messias, o Ungido de Deus, nosso Sumo Sacerdote, Profeta e Rei. Não há necessidade de ungir ninguém com óleo para ocupar qualquer função na igreja ou fora dela. O Novo Testamento substituiu a unção de pessoas pela imposição de mãos, mas, com significação distinta.

O Novo Testamento não ensina que devemos ungir coisas, lugares ou pessoas separadas para serviços eclesiásticos ou seculares. (Alguém pode estranhar que façamos diferença entre o Antigo e o Novo Testamento. Mas existe diferença, sim. A Bíblia toda é inspirada por Deus, mas ela é dividida em dois testamentos. Eles não se contradizem, eles se completam. O Antigo Testamento fala da aliança de Deus com a nação de Israel, o Novo Testamento fala da aliança de Deus com a Igreja. A antiga aliança cessou com a vinda de Jesus ao mundo. A Bíblia é completa com os dois testamentos e tudo quanto foi escrito é para o nosso ensino. Mas, tudo deve ser lido tendo Jesus como chave hermenêutica. Quase todo o Antigo Testamento se cumpriu com a vinda de Jesus, e, o que o Novo Testamento não confirma como continuidade do que vem do Antigo Testamento é porque já passou ou já se cumpriu. Quem ignorar isso se perde na leitura bíblica sobre qualquer assunto. O grande problema da maioria das igrejas é trazer para os nossos dias o estilo de vida do Antigo Testamento. Quem quiser viver pela lei, não tem nada com Jesus). A unção com óleo não tem o sentido que tinha antes.

Quando André, irmão de Simão Pedro encontrou Jesus, ele disse: “Achamos o Messias (que quer dizer Cristo) (Jo 1.41). Messias (hebraico) é o mesmo que Cristo (grego) e quer dizer “Ungido”. Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele” (At 10.38). Jesus não foi ungido com óleo e nunca ungiu ninguém com óleo. Ele foi ungido com o Espírito Santo.

Nós também fomos ungidos com o Espírito Santo. Todo crente em Jesus tem a unção (2Co 1.21-22; 1Jo 2.20, 27). Essa é a unção que importa. Ela nos dá o conhecimento que precisamos para viver como Deus quer. Ela nos ensina a respeito de todas as coisas e não temos necessidade de que alguém nos ensine. Fomos selados com o Espírito Santo; essa é a garantia que pertencemos a Deus para sempre (Ef 1.12-13; 4.30).

O Novo Testamento menciona a unção com óleo. É verdade. Mas não do modo como acontecia no Antigo Testamento. Quando Jesus enviou os doze apóstolos de dois em dois, eles saíram pregando ao povo que se arrependesse; expeliam muitos demônios e curavam numerosos enfermos, ungindo-os com óleo (Mc 6.7-13). O óleo tinha uma função medicamentosa. Usava-se óleo em ferimentos (Is 1.6; Lc 10.34).

O texto de Tiago 5.14-15 diz que é o doente que deve chamar pessoas maduras para orarem sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. Isso é muito pessoal. A linha entre a expressão de fé e o fetichismo é muito fina. O que o texto diz é muito diferente de óleo consagrado no monte e filas de pessoas esperando para serem ungidas em cultos. É a oração da fé que cura o doente e não o óleo.

Antonio Francisco - Cuiabá, 14 de agosto de 2011 - Voltar para Mensagens.

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