Sustento pastoral

“Mas aquele que está sendo instruído na palavra faça participante de todas as coisas boas aquele que o instrui” (Gl 6.6). Todo crente em é uma testemunha do que viu, ouviu e experimentou da parte de Deus (At 1.8; 1Jo 1.3). A igreja é feita de gente comum onde todos são irmãos. Não existe categorias, chefe, dono, exceto Jesus Cristo, o fundamento sobre o qual a Igreja existe (Mt 16.18; 1Co 3.11).

Dito isso, não há como negar que desde sempre Deus tem separado pessoas para lhe servirem de modo mais identificado com o seu povo. Fez isso com Moisés, Josué, Sansão, Pedro, Paulo, e tantos outros. Quando Deus chamou Jeremias, ele disse: “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações”. Ao ouvir isso Jeremias se sentiu despreparado como uma criança. Mas o senhor lhe disse: “Não digas: Não passo de uma criança; porque a todos a quem eu te enviar irás; e tudo quanto eu te mandar falarás” (Jr 1.4-7). É sempre assim. Aqueles que são chamados nunca se acham preparados, nunca tomam a iniciativa; é algo que parte de Deus. O profeta Amós disse: “Eu não sou profeta, nem discípulo de profeta, mas boieiro e colhedor de sicômoros. Mas o Senhor me tirou de após o gado e o Senhor me disse: Vai e profetiza ao meu povo de Israel” (Am 7.14-15). A verdadeira vocação sempre vem de Deus, nunca dos homens. E, o Deus que chama é o mesmo que sustenta em todos os sentidos.

Levi, uma das doze tribos de Israel, recebeu de Deus o ofício sacerdotal. Somente pessoas dessa tribo cuidavam do Tabernáculo e de todos os serviços sagrados. Eles eram mantidos pelas ofertas de dinheiro e comida dos sacrifícios: “Toda oferta de todas as coisas santas dos filhos de Israel, que trouxerem ao sacerdote, será deste e também as coisas sagradas de cada um; o que alguém der ao sacerdote será deste” (Nm 5.9-10). Tudo o que o povo consagrava a Deus, em ofertas e dízimos, era para o sustento permanente dos sacerdotes e de seus filhos (Dt 18.8-32; 2Rs 12.16). Assim era o sustento no Antigo Testamento daqueles que viviam completamente dedicados ao serviço sagrado. Eles viviam exclusivamente da contribuição do povo de Deus.

O Novo Testamento mostra o mesmo critério. Os que servem na igreja e vivem exclusivamente para isso, devem ser sustentados pelas contribuições voluntárias dos que pertencem à igreja. No Antigo Testamento havia leis que regulamentavam as contribuições. Mas, no Novo Testamento o critério é a voluntariedade.

Jesus e seus discípulos que largaram tudo para servi-lo, eram mantidos por pessoas abençoadas com curas e libertações. Elas doavam seus bens como expressão de gratidão (Lc 8.1-3). Os apóstolos viviam completamente voltados para a oração e o ministério da palavra (At 6.4). Por isso, precisavam do apoio material da igreja (Mt 10.9-10).

Jesus concedeu pastores às igrejas, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo (Ef 4.11-12). Os que assim procedem, devem ser sustentados por todos os que são beneficiados espiritualmente por esse serviço. O apóstolo Paulo escreveu: “Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito recolhermos de vós bens materiais?” (1Co 9.11). É evidente que não. Em outro lugar ele diz: “Mas aquele que está sendo instruído na palavra faça participante de todas as coisas boas aquele que o instrui” (Gl 6.6). É ordem de Deus aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho (1Co 9.14). O pastor tem o direito de viver exclusivamente do evangelho (1Co 9.3-10).

A essa altura alguém poderia perguntar: “O pastor pode trabalhar para se manter em algum serviço que não seja o da igreja propriamente?”. A resposta é sim. Paulo disse: “Porque, vos recordais, irmãos, do nosso labor e fadiga; e de como, noite e dia labutamos para não vivermos à custa de nenhum de vós, vos proclamamos o evangelho de Deus” (1Ts 2.9; 2Ts 3.8-10). Isso ele fazia temporariamente, pois vivia também das contribuições das igrejas (Fp 4.18). Cada pastor deve agir conforme seu chamado, consciência e fé. O que ressalto aqui é que viver do evangelho é bíblico e justo.

E onde ficam os charlatões? Deveriam ser reprovados por todos os que conhecem e crêem nas Escrituras Sagradas. Quanto a mim, tenho a sã consciência de me incluir entre aqueles referidos pelo apóstolo Paulo: “Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus” (2Co 2.17). Cada pastor deve atentar para as palavras do apóstolo Pedro: “pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória” (1Pe 5.2-4).

A Bíblia diz que devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os pastores que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino, pois, o trabalhador é digno do seu salário (1Tm 5.17-18). Conheça seu pastor, seu caráter, sua vida, seu histórico, seu ministério. Contribua financeiramente com alegria para o sustento daquele que lhe abençoa com as riquezas espirituais.

Antonio Francisco - Cuiabá, 17 de junho de 2011 - Voltar para Mensagens.

Comentários

Uma palavra muito boa e oprtuna.
Josymar disse…
Lendo Romanos hoje, resolvi postar.
Rm 1:14 e 17.
Quero sempre contribuir de forma prazeirosa.