Graça sem religião

Poucas pessoas sabem o que é viver pela graça de Deus sem os feios andaimes da religião. Ignoram que tudo que recebemos de Deus é por sua graça, sua bondade, e seu favor imerecido. Philip Yancey disse: "Não há nada que possamos fazer para Deus nos amar mais. Não há nada que possamos fazer para Deus nos amar menos". Até que se aprenda a viver pela graça, a religião é apenas uma desgraça.

Nossa consagração não faz Deus nos amar mais do que sempre nos amou. Muitas pessoas avaliam o amor de Deus com base no que fazem para Deus. Mas não é assim que Deus é. Elas não conseguem descansar em Deus porque estão sempre cansadas em seus esforços.

A vida espiritual baseada em desempenho, regras, métodos, estratégias, e programas, tem sido um verdadeiro inferno para muitos que vivem nas igrejas ouvindo e lendo a Bíblia. É estranho, mas é assim que vivem multidões que confessam crer em Jesus. Elas até vêm pela fé, mas logo depois começam a viver pelas obras. Assim aconteceu com os crentes das igrejas da Galácia (Gl 3.1-5), e assim acontece hoje. Isso tira toda a alegria espontânea de viver, mesmo que a pessoa intensifique cada vez mais sua dedicação a Deus. Você mesmo já deve ter notado que algumas pessoas ficam cada vez mais sisudas e carrancudas à medida que dizem viver fielmente para o Senhor. A religiosidade pode cegar de tal maneira uma pessoa, que ela pode chegar ao ponto de matar um discípulo de Jesus, e dizer ser isso uma expressão de sua adoração a Deus (Jo 16.2).

A religiosidade vivida nas igrejas tira o foco do que Deus fez por nós, e coloca o foco naquilo que as pessoas fazem para Deus. A religiosidade de Paulo antes de sua conversão a Cristo ilustra o que está acontecendo com pessoas que pensam viver para Cristo, mas, na verdade vivem para os ritos religiosos que elas mesmas criaram ou se submeteram quando aderiram ao programa da igreja.

Em Filipenses 3.4-6 Paulo alista suas credenciais de bom religioso. Em nossos dias isso é comum entre os crentes. Você conversa com uma pessoa sobre sua vida com Deus, e tudo o que ela tem pra dizer só a identifica como uma pessoa religiosa. Ela diz que é da igreja tal, já é batizada, participa da Ceia do Senhor, faz parte de um ministério, é fiel dizimista, ora uma hora por dia, e assim por diante. Quando se trata de pastores, a saudação é: “Quantos membros tem sua igreja?”. Isso tem o seu lugar, mas não diz nada sobre a vida espiritual de um verdadeiro seguidor de Jesus.

As pessoas perderam ou ainda não conhecem a alegria de viver na simplicidade do Evangelho. Por isso, se envaidecem do histórico de sua denominação, do nome de sua igreja, do belo templo que frequentam, dos livros que já leram, dos cantores que apreciam no universo gospel, mas não têm nada a dizer do andar com Jesus.

As pessoas estão perdendo a alma. Acham que pertencer a uma religião ou igreja evangélica as qualifica para o céu. Não têm experiência de conversão e intimidade com Deus, resultando em convicção pessoal. Dependem do que lhe dizem e da agenda da igreja. Há quem pense que o ativismo religioso lhe fortalece e amadurece espiritualmente. Pura ilusão.

A famosa frase continua falando: “A religião é o ópio dos povos”. A religião cega, embriaga, dopa, esfria, e demoniza as pessoas. Não importa se é uma religião primitiva no meio da selva, ou uma igreja identificada por sua catedral suntuosa na praça central da cidade. Tudo é uma droga, quando a vida de Jesus não é a vida de quem diz ter fé.

É claro que a vida com Jesus tem a sua dinâmica própria. Mas isso não é o mesmo que viver de desempenho e confiança nos próprios méritos, mesmo que diga que é em nome de Jesus. O Senhor Deus disse para o povo de Israel: “Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranquilidade e na confiança, a vossa força, mas não o quisestes” (Is 30.15). Esse é um tempo para se entrar no descanso de Deus (Hb 4).

O antídoto para se livrar da religião, é aprender a viver pela graça de Deus. Uma pessoa que nasceu de novo pelo Espírito Santo (Jo 3.3, 5) não vive na prática de pecado, pois nela está a divina semente que a mantém relacionada com o Senhor. Exatamente por isso, tal pessoa não precisa conquistar nada para obter o favor de Deus, pois ela já é de Deus (1Jo 3.9). O diferencial de quem é de Deus está no ser e não no fazer. “O justo viverá por fé” (Rm 1.17). Ele sabe que os esforços carnais não agradam a Deus, e sim a fé nos méritos redentores de Jesus (Rm 8.6-8; Hb 11.6; Rm 3.21-24).

A vida cristã é um relacionamento vivo com Deus em Jesus Cristo. Sem isso, você pode se matar de trabalhar para Deus, ser a pessoa mais aplicada em sua igreja, e cumprir todos os exercícios espirituais que conheça; mas, se ainda não aprendeu a descansar na graça amorosa de Deus que produz satisfação, amor a Deus e a todas as pessoas indistintamente, você não passa de uma pessoa religiosa opressa. Onde você está?

Antonio Francisco - Cuiabá, 7 de maio de 2011 - Voltar para Um novo caminho.

Comentários

Anônimo disse…
Vale a pena ler cada assunto postado.
Obrigado pela apreciação.
Antonio Francisco.
Anônimo disse…
Parabéns ! Muito bem explicado as vezes vivemos em um aquario da religiosidade e esquecemos que temos um oceano de graça !! as vezes nao demo valor o sacrificio de cristo ! estudo muito sobre a graça ! e aprendi muito aqi !
Anônimo disse…
Amigo, belísima matéria, pertenço a uma igreja e a pouco tempo comecei a me questionar sobre isso, depois q entrei nela me sinto uma pessoa mais fria que tem que correr com os afaseres eclesiásticos para agradar aos homens e nao a Deus, é errado..e por isso estou no meu processo de afastamento dessa igreja, o pior é q eles são treinados a nao deixar ninguem sair de lá, pegam no pé. Mais uma vz obg pela matéria, me ajudou muito.
Anônimo disse…
Concordo plenamente.