Permanecer no Evangelho. Eis a questão!

Acredita-se que a segunda carta a Timóteo foi a última carta que Paulo escreveu antes de morrer. Fica evidente numa rápida leitura que seu interesse era conscientizar Timóteo quanto a importância de continuar firme no evangelho. Paulo estava indo e queria ter certeza que alguém continuaria firme nos fundamentos do Evangelho do Senhor Jesus Cristo. Esse é o nosso desafio - permanecer no evangelho.

“Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.14-17).

Ele ressalta a fé sincera que Timóteo tinha. Ele creu através de sua mãe, que creu através de sua avó (2Tm 1.5). Ele manda que Timóteo se fortifique na graça de Jesus (2Tm 2.1). Esse é o segredo do seguidor de Jesus, ser forte a partir do que Jesus lhe dá gratuitamente. É o próprio Senhor Jesus Cristo que nos fortalece para viver e fazer a vontade de Deus.

Paulo desafia Timóteo a se firmar no evangelho apesar de todas as condições desfavoráveis. Ele fala dos tempos difíceis dos últimos dias, mas em seguida diz a Timóteo: “Tu, porém, tens seguido, de perto, o meu ensino, procedimento, propósito, fé, longanimidade, amor, perseverança, as minhas perseguições e os meus sofrimentos...” (2Tm 3.1-11). Timóteo foi um fiel aprendiz na vida cristã. Ele seguiu de perto o padrão cristão de viver as virtudes próprias de quem anda com Jesus.

Paulo diz a Timóteo que a vida dedicada a Jesus atrai perseguição; o que não acontece com os homens perversos e impostores, pois vivem enganando e sendo enganados. Eles vão de mal a pior. Mas, para Timóteo Paulo diz: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste”. As verdades sagradas aprendidas por Timóteo desde a infância deveriam mantê-lo sábio e salvo em Cristo Jesus. O padrão de sua vida vinha da Escritura inspirada por Deus, que habilita o homem a viver plenamente sua vida (2Tm 3.12-17).

Timóteo é exortado a pregar a palavra, pois chegaria o tempo em que as pessoas não suportariam a sã doutrina, mas procurariam mestres que lhes falassem apenas o que gostariam de ouvir, algo que desse uma sensação agradável aos ouvidos. A verdade haveria de ser recusada em troca de fábulas. Mas Timóteo, diz Paulo, não poderia jamais perder a direção. Ele disse: “Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério” (2Tm 4.1-5). Não podemos perder a sobriedade, não devemos nos assustar com as aflições, devemos cumprir fielmente o ministério de viver e anunciar com pureza a Palavra de Deus. Estamos vivendo os dias difíceis que Paulo falou e mais difíceis ficarão.

É perigoso pedir hoje em dia que os crentes permaneçam no que têm aprendido, porque podemos estar pedindo que eles permaneçam no erro. Muitos ainda não conhecem os rudimentos da fé, pois estão entupidos de doutrinas humanas e crendices que não oferecem nada de consistente para se viver em Jesus. O que Paulo disse a Timóteo é completamente estranho à vivência da maioria dos crentes.

Paulo falou da fé sem fingimento enraizada no coração da família de Timóteo. É difícil você conhecer uma família de crentes com fé sincera. O que vemos são pais fracos e filhos desobedientes dentro das igrejas.

Paulo disse para Timóteo se fortalecer na graça que está em Cristo Jesus. Não é isso que vejo entre os crentes. As pessoas estão se fortalecendo não na graça, mas em seus esforços religiosos. Os crentes não dependem mais de Jesus, dependem de si mesmos. Muitas igrejas se esvaziariam sem a isca das “campanhas”. A maioria dos crentes não tem motivação para viver se não estiver dentro de uma campanha para alcançar alguma bênção. Ninguém mais sabe o que é descansar em Jesus. As igrejas vivem num frenesi constante. Os crentes não sabem mais meditar, se aquietar na presença de Deus. Pedir para alguém esperar em Deus soa estranho para os ouvidos dos “santos modernos”. Imagine um culto de domingo a noite com o templo lotado e alguém pedindo quinze minutos de silêncio para ouvir a Deus. Isso teria uma repercussão negativa, pois, os crentes não sabem silenciar. O barulho é confundido com poder e o emocionalismo com espiritualidade. Permanecer no evangelho requer primeiro conhecer e viver o evangelho.

Procure dentro das igrejas a lista mencionada por Paulo e seguida de perto por Timóteo: o ensino, procedimento e propósito de Paulo, fé, paciência, amor e perseverança, sofrimento, piedade, e sobriedade, para mencionar apenas algumas virtudes. Você não encontra isso no perfil dos crentes. O ensino de muitos contradiz as Escrituras, o procedimento não influencia, o propósito é egoísta, a fé é fé na fé, a paciência foi substituída por ordens dirigidas a Deus, o amor da maioria é só de boca, a perseverança é apenas para o que se concorda, o sofrimento é tido como falta de fé ou obra maligna, a piedade é legalista, e a sobriedade é ingênua.

O Evangelho não tem sido anunciado pela maioria com a pureza que lhe é devido. Abrir a Bíblia e falar o que quiser, não é o mesmo que pregar o evangelho. Como a maioria é incauta e analfabeta do conteúdo bíblico, os pregadores falam em nome de Deus para obterem seus interesses, o que tem gerado um povo triste, assustado, incomodado, cheio de culpa, de razões próprias, e assim por diante.

Tudo o que precisamos, é permanecer no Evangelho. Não precisamos inovar, inventar ou procurar novidades. O Evangelho de Jesus nos basta. O diabo tem conseguido enganar as igrejas com novidades pintadas de cores cristãs. Os crentes não suportam as mesmas coisas. Então, como permanecer no evangelho se a sede de inovar persegue as igrejas!? Paulo ficou admirado que os crentes da Galácia rapidamente tivessem mudado para outro evangelho que não era evangelho (Gl 1.6-9).

As igrejas procuram novidades, não profundidade no relacionamento com Jesus. A atração pelo novo tem distraído os crentes do que é essencial. Há uma variedade sem densidade, uma grande extensão com uma fina espessura. A superficialidade chega a enojar em alguns ambientes cristãos. O linguajar igrejeiro não corresponde com o sentido das palavras à luz das Escrituras Sagradas.

Permanecer na simplicidade da vida cristã sem se deixar atrair pelas novidades, coisa própria de criança, é o que devemos considerar permanentemente. Precisamos corajosamente nos desembaraçar de todo peso religioso estéril, aprofundar nossas raízes no chão da Palavra, e andar pelo caminho estreito sem estreiteza de mente. Permanecer no Evangelho é permanecer em Jesus. Quem não permanecer em Jesus, será lançado fora (Jo 15.1-7). Leia também: Outro evangelho.

Antonio Francisco - Cuiabá, 4 de janeiro de 2011 - Voltar para Um novo caminho.

Comentários

Flávio Alves Vieira disse…
Flávio ..............

As pessoas ficam mudando o evangélico,para ficar de acordo com os seus costume,é difícil viver livre você cometer o pecado,viver cheio de regras e fácil.
Por isso as pessoas não vão a igreja,começa a ter pavor só de falar na palavra "Igreja".
A gente tem que seguir a bíblia não as leis do homem....
Amem ......