O convite é para você

A Bíblia está cheia de convites de Deus para nós, oferecendo-nos sua bondade gratuita. Não é difícil viver com Deus, pois ele é Pai, amor e justo. A candura do Senhor no trato com os homens é admirável. Ele nos convida para conversar e entender sua vontade (Is 1.18). Você já imaginou participar de uma igreja que seja conhecida como suave e leve? Quem não gostaria de participar de algo assim?

Veja o convite de Jesus e compare com o jeito de ser igreja hoje: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mt 11.28-30). As pessoas são chamadas para serem libertadas de seus males, mas logo recebem fardos opressores que Jesus não deu. Os deveres cristãos no contexto bíblico são suaves e leves, pois, os mandamentos de Deus não incomodam (1Jo 5.3). Porém, a maioria dos crentes só sabe viver com cabrestos curtos e rédeas apertadas. A liberdade os revela.

Ser igreja de Jesus a partir do Evangelho é ir contra quase tudo o que se chama hoje de evangélico. Confesso com pesar que nunca pensei que chegaria o dia em que veria a igreja evangélica como uma religião, tal qual vejo outras, mas é assim que a vejo hoje, a menos que queira ignorar o óbvio diante de meus olhos.

A Bíblia diz de Jesus: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.11-14). Jesus veio para a sua casa, para o seu povo, mas não foi recebido. Os que lhe receberam eram há muito tempo rejeitados pela religião judaica. Jesus foi chamado de “amigo de pecados” (Mt 11.19), uma expressão que soa estranha para o modo de ser igreja hoje. Mas, são exatamente esses pecadores marginalizados pela igreja que precederão os religiosos evangélicos no reino de Deus (Mt 21.31).

A igreja evangélica tem se tornado com raras exceções, um gueto de moralistas estéreis. Cabe bem para os crentes hoje a censura de Jesus aos religiosos de seus dias: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia! Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniquidade” (Mt 23.27-28).

Conheço a igreja evangélica há trinta anos, e não temo afirmar: se a igreja evangélica fosse viver apenas de Bíblia, ela desmoronaria, pois a parafernália que a sustenta é inumerável. É mais ou menos como na igreja católica, tire a crendice popular do catolicismo e ela vegetará. Assim é no meio evangélico, tire o que for extra-bíblico e anti-bíblico, que a casa cai. A igreja não sabe ser igreja apenas com Jesus e os evangelhos. Jesus disse: “Edificarei a minha igreja” (Mt 16.18). A igreja de Jesus nasceu para ser um movimento e não um monumento. Os crentes precisam aprender a ser sal sem saleiro, a se desnudarem da religião e a romperem com as receitas humanas. Parece estranho, mas, sinto que estou me convertendo outra vez ao Evangelho, e isso está me fazendo muito bem.

Antonio Francisco - Cuiabá, 9 de janeiro de 2011 - Voltar para Um novo caminho.

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